Memórias do Subsolo
- Italo Aleixo
- 14 de ago. de 2024
- 1 min de leitura

Dostoiévski é um dos precursores do Existencialismo, linha filosófica que acredita que é o indivíduo o responsável por dar sentido a própria vida, através de seus sentimentos, experiências, traumas, dramas, etc. E é isso que ocorre com sua obra, pois cabe ao leitor interpretá-la através de suas próprias ideologias. Seus livros "mudam" de leitor para leitor, alguns amam seus personagens, outros se reconhecem e não poucos os odeiam por neles se identificar...
Num verdadeiro manifesto rancoroso, Dostoiévski crítica a decadência da sociedade russa e a leviandade das ideologias alheias, onde o narrador brada contra tudo e contra todos numa espiral rumo ao abismo. Em Memórias do Subsolo não faltam críticas a europeização da Rússia, à globalização, às relações humanas superficiais e principalmente aos valores e à ordem.
Amplamente considerado um dos maiores escritores da história e divisor de águas entre as literaturas dos séculos XIX e XX, Dostoiévski acabou impactando toda a literatura depois dele. De toda forma sua narrativa não deixa de causar uma certa estranheza no leitor de hoje, pois os devaneios do narrador tomam aqui forma de longos monólogos e diálogos inverossímeis — estratégia narrativa que seria aprimorada no século XX pelo fluxo de consciência — demasiadamente teatrais e as vezes caricatos. Dialogar com algum interlocutor é a maneira que seus personagens têm de expor seus pensamentos.
Memórias do Subsolo ainda ecoa nos dias de hoje. Alguns trechos, ainda que fora de contexto, soam muito contemporâneos, é um tratado "pessimista" que antecede o niilismo de Nieztche, onde o significado que cabe ao indivíduo dar a própria vida é o próprio vazio e abismo existencial!
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