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Noites Brancas

  • Foto do escritor: Italo Aleixo
    Italo Aleixo
  • 14 de ago. de 2024
  • 2 min de leitura

Depois de ler outros clássicos do autor, como Crime e Castigo ou Memórias do Subsolo, obras bastante existencialistas e que influenciariam até o próprio pensamento filosófico, é difícil encarar Noites Brancas com os mesmos olhos — vale ressaltar que a obra é apenas o terceiro livro lançado pelo autor.


Típica obra do movimento romântico, Noites Brancas narra o encontro de dois jovens nas ruas de São Petersburgo. Durante quatro noites, eles vão se reencontrar e conversar sobre suas expectativas — ou falta delas — dramas e amores. Sei que é desleal a comparação de uma obra com as outras obras-primas do autor, mas é inevitável realizá-la nesse caso, esse romantismo insonso não combina com o que viria se tornar o autor no futuro.


A discussão filosófica, que no futuro será sua marca registrada, aqui dá lugar a um romantismo clichê com temas, já naquela época, exaustivamente explorados: a desilusão amorosa, seguida de uma autopiedade doentia, que beira a chantagem e muita lamentação e melodrama. Numa noveleta curta, com personagens mal desenvolvidos, os diálogos se tornam muito cansativos e o final é previsível, resultando num livro... chato!


De acordo com as ideias do tradutor Nivaldo dos Santos — contidas no posfácio da versão brasileira do livro, da Editora 34 — Noites Brancas seria na verdade uma espécie de sátira dos românticos. Esse ponto de vista até traz um certo frescor para a leitura, mas não convence, mesmo com o tom bastante estereotipado da narrativa o livro não foge de qualquer outra novela romântica. O mais interessante talvez seja acompanhar o pensamento do autor já naqueles tempos, quando em determinado momento da narrativa ele se vê envelhecido, como um personagem abandonado pelo progresso e enaltece as felicidades efêmeras como os únicos momentos que realmente valem a pena na vida, são os germes do pensamento niilista que viria aflorar em suas obras futuras.

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