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Coleção Grandes Filósofos: Berkeley

  • Foto do escritor: Italo Aleixo
    Italo Aleixo
  • há 6 horas
  • 2 min de leitura

Esse livro foi uma agradável surpresa. Longe de ser um grande estudo sobre a obra de George Berkeley, ele é apenas um pequeno ensaio sobre o filósofo. Na filosofia, um pensador está sempre discutindo a doutrina de outro, num processo recursivo quase infinito, e por isso, é praticamente impossível consumir toda uma infinidade de pensadores para entender uma discussão específica. Nesses casos, essas sínteses são bem vindas. Esse livro veio a calhar durante a leitura de Ficções, de Jorge Luis Borges, que em diversos contos emula o pensamento de Berkeley.

 

Berkeley foi defensor do idealismo subjetivo, que nega a existência da matéria e acredita que a realidade é apenas o que pode ser percebido pela mente. A epistemologia moderna é muito influenciada por Kant, que acredita num mundo real (numeno), mas nega que podemos conhecê-lo em essência. Diferente de Kant, Berkeley defende um tipo radical de empirismo onde sequer exista um mundo real, onde "ser é ser percebido (esse est percipi)". Boa parte do seu pensamento se baseia em como obtemos informações contraditórias dos sentidos. Em muitas argumentações, ele imagina como a realidade se mostraria à um cego — que apenas interagiu com o mundo pelo tato — caso recobrasse a visão de repente e perdesse, ao mesmo tempo, todos os outros sentidos. Nesse caso, se descortinaria diante dele todo um novo mundo, alheio ao que ele conhecia anteriormente. O principal alvo do pensamento de Berkeley é a linguagem, vista pela maioria dos filósofos como aquilo que dá ordem ao mundo, para Berkeley ela é dependente do contexto e é enganadora por si só. Para ele, livrar-se da linguagem, seria o passo mais importante para encarar a realidade como ela é — lembrando que ela não seria algo concreto, apenas uma criação da mente.

 

O ensaio é bem curtinho (em torno de 50 páginas), mas David Berman consegue fazer uma boa síntese e discutir alguns dos principais experimentos de Berkeley. Visto de uma maneira superficial, o pensamento do autor parece obsoleto para os dias de hoje, mas quando situado dentro do empirismo, percebemos como ele lida de maneira sagaz com muitos problemas que ainda encontramos hoje em dia. De acordo com o próprio David Berman, as diferenças entre o pensamento de Berkeley e Kant são muito mais sutis do que parece à primeira vista!

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