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'Mars Express': Além de um 'Eu, Robô' repaginado

  • Foto do escritor: Italo Aleixo
    Italo Aleixo
  • há 2 horas
  • 2 min de leitura

Nada de muito original no roteiro, onde acompanhamos uma dupla de detetives — uma humana e um androide — investigando o desaparecimento de uma jovem. Logo a investigação descamba para perseguições, tiroteios com robôs e conspirações com o envolvimento de megacorporações. Não é difícil entender o mundo no qual a trama está inserida, um estágio avançado da civilização humana em Marte, onde robôs e humanos convivem num cenário cyberpunk.


A característica mais marcante do subgênero cyberpunk, é a sensação de que aquilo não parece tanto ficção. Apesar de ultra futurista, a desumanização do ser humano moldada pela tecnologia e pela a ação de megaempresas é um cenário cada vez mais comum no nosso dia a dia. Surgido como crítica social nas obras de Philip K. Dick e William Gibson, o cyberpunk é dia após dia mais realista.


Parece que nos dias de hoje, a ideia de robôs ganhando consciência é cada vez menos chocante — Ex Machina, de Alex Garland continua sendo uma das melhores obras sobre o tema. Em Mars Express os androides compartilham o mundo com os seres humanos e todos são programados para respeitar as leis da robótica (de Isaac Asimov) e outras limitações legais. Aí entra um conceito interessante, os androides hackeados, que ganhar liberdade para fazer o que bem entenderem, como atacar humanos ou passar a maior parte do tempo transando, jogando ou compartilhando as mentes.


As semelhanças com Eu, Robô (o filme) vão desde o personagem principal, típico arquétipo do policial solitário, passando pelas cenas de ação de tirar o fôlego — muito bem executadas nessa animação — até a discussão central: onde começa a consciência ao ponto de certa entidade ter direito à liberdade? O roteiro é basicamente o mesmo, onde os detetives perseguem um rastro de crimes causados por androides. A maior diferença entre Eu, Robô e Mars Express são apenas os tempos! Se no filme de 2004, é um androide em especial que desenvolve um tipo de consciência, na animação de 2023 a sociedade está repleta deles: máquinas programadas para tarefas específicas (semelhante as IA's atuais), robôs dotados de consciência própria e robôs que emulam a memória de pessoas que já morreram.


Lá nos primórdios dos anos 2000, o imaginário popular flertava com a ideia de inteligência artificial muito idealizada, ninguém esperava que nos dias de hoje as IA's se tornariam tão comuns. A preocupação atual não é tanto com a humanização das IA's mas sim na competição com elas. Mars Express segue basicamente as mesmas ideias, mas dá um passo adiante ao imaginar como será o futuro, já que o surgimento excessivo de IA's não surpreende mais ninguém. Mas a animação se aprofunda, além de ser um excelente filme de ação, ele traz uma reflexão filosófica muito mais elaborada sobre a natureza das IA's: expande as possibilidades de como seria uma existência com as máquinas — que tipo de prazer uma consciência artificial procura quando tem total liberdade?; eleva a reflexão sobre diferentes tipos de consciência — IA's mais básicas, IA's humanizadas e memórias emuladas — embolando toda a Teoria da Mente; e renova o dilema ético que vem desde Blade Runner: uma consciência artificial deve ter os mesmos direitos que nós?



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