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Un Verdor Terrible

  • Foto do escritor: Italo Aleixo
    Italo Aleixo
  • 28 de ago. de 2024
  • 2 min de leitura
Capa do livro Un Verdor Terrible de Benjamin Labatut

Lançado em 2020, traduzido para vários idiomas e indicado para diversos prêmios literários, Un Verdor Terrible é um livro instigante e Benjamin Labatut uma grata surpresa. São cinco contos sobre cientistas do século XX, micro biografias focadas em suas grandes descobertas, mas que vão além disso: miram a insanidade que suas obras lhes causaram!


Sob um olhar ingênuo, a narrativa lembra muito a série Cosmos, mostrando os passos dados pelos cientistas em seus experimentos e vidas pessoais, mas as semelhanças acabam aí. Sem a visão positiva de Carl Sagan, as narrativas trágicas de Labatut mais se assemelham a um filme de Darren Aronofsky — alguns contos mereciam um filme nos moldes de Pi.


Mais humanista do que científico, é um livro de anseios filosóficos. Trilhar o caminho do conhecimento pode ser traumático, a calmaria da ignorância é muitas vezes mais tentadora do que um mar revolto de novas descobertas. Labatut mostra como essas grandes personalidades, movidas por uma busca irrepreensível pela verdade, combateram paradigmas, mudaram o mundo e quanta angústia receberam como pagamento.


É maravilhoso acompanhar o ritmo de Labatut, que com uma linguagem simples caminha com maestria pela mente e pelo mundo físico que seus personagens habitam. Não é exagero dizer que alguns momentos lembram A Montanha Mágica ou até o pessimismo de Dostoiévski, um tipo de niilismo está presente em toda obra, principalmente quando se trata de descobertas que colocam em cheque o sentido da vida e as leis da natureza.


Capa da edição brasileira de Un Verdor Terrible
Edição brasileira

O livro é uma reflexão cirúrgica sobre os grandes avanços do século XX. Devemos lembrar que a ciência, principal motor da humanidade, também deu à guerra suas piores armas. Num dos contos, Karl Schwarzschild que elucidou as equações de Einsten e descobriu que em certas ocasiões o próprio espaço e tempo colapsavam, enlouqueceu e se indagou se existiria tal limite para o conhecimento humano, um ponto sem volta para o que poderíamos saber: sua resposta viria alguns anos depois no formato de nuvens de cogumelo!!!




P.S. Nessa resenha eu comentei que alguns dos contos mereciam virar filmes focados no psicológico dos personagens. Na época em que eu a escrevi, ainda não havia sido lançado o excelente Oppenheimer, um filme que capta exatamente a alma da literatura de Labatut: as questões psicofilosóficas envolvendo descobertas que estilhaçam a realidade!


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