Ubik
- Italo Aleixo
- 16 de mai. de 2024
- 2 min de leitura

Lá se vai mais de uma década desde que li — quase todas — as obras de Philip K. Dick. Agora depois de muitos anos, senti falta dessas histórias e precisava conferir como elas envelheceram para mim. É muito agradável ver que mesmo depois desse amadurecimento como leitor, Ubik continua fascinante e Philip K. Dick é de fato um dos mais visionários autores de ficção científica de todos os tempos.
No mundo de Ubik o ser-humano deu o primeiro passo para vencer a morte e agora os mortos podem ser sustentados em meia-vida, colocados em bolsas especiais e podendo ser contatados através de aparelhagens específicas. Além disso, telepatas vivem em meio a sociedade, fazendo-se necessária a contratação de anti-telepatas para anulá-los, numa relação que movimenta todo o comércio mundial! Nesse cenário cyberpunk, um ataque terrorista acaba alterando a realidade de uma forma estranha.
A trama até sugere um contorno de romance policial, mas são as nuances psicológicas e filosóficas que ditam o ritmo da obra. As condições da meia-vida e da deterioração do tempo são abordadas pelos excelentes personagens que vivem procurando espaço num mundo cada vez mais competitivo e desumanizado.
Philip K. Dick sempre será um autor atemporal, pois tira o holofote das tecnologias e foca no espírito humano e seus debates são cada vez mais presentes no nosso cotidiano: a obsolescência do ser humano perante as máquinas, o surgimento de pessoas geneticamente superiores, criando um novo tipo de divisão racial, a natureza da realidade muito influenciada pelo subjetivo e o mais importante, a divagação sobre a vida após a morte. Se existe o debate filosófico dentro da literatura, Dick é com certeza um de seus representantes.
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