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A antibiblioteca

  • Foto do escritor: Italo Aleixo
    Italo Aleixo
  • 29 de out. de 2023
  • 2 min de leitura

Imagem de @chenspec - pixabay.com

Uma coisa que o amante dos livros precisa entender é que sempre existirão livros parados na estante e que a grande maioria jamais será lida! Não importa quão esforçado o leitor seja em concluir o máximo de livros no menor tempo possível ou quão regrado a ponto de nunca mais comprar uma obra nova até que todas elas sejam finalizadas: você nunca lerá todos os livros que deseja, pois nossa breve vida findará antes que isso seja possível!


Um dos maiores escritores do século XX e uma referência quando o assunto é colecionar livros, Jorge Luis Borges, morreu aos 86 anos, ficou cego permanentemente aos 55 e confessou que nunca leu muitos livros em vida, preferindo folheá-los ou relê-los: nunca parou de comprar livros!


Outro bibliófilo modelo, Umberto Eco, foi dono de uma invejável biblioteca com mais de 30.000 exemplares e obviamente não leu uma parcela significativa de sua coleção, mas assim como Borges, compreendia a importância de ser manter cercado de livros. Tal coleção, levou o matemático e escritor, Nassim Nicholas Taleb, a cunhar o termo antibiblioteca, que diz respeito a todos os livros não lidos na estante citado numa breve passagem no livro, A Lógica do Cisne Negro. De acordo com Taleb, o mais importante em se ter livros é tê-los em mãos para consulta, como material de pesquisa, algo que estimule sua fome pelo saber:

"Os livros já lidos são muito menos valiosos que os não lidos. A biblioteca deveria conter o máximo do que você não conhece..."

É normal na vida do bibliófilo iniciante, adquirir livros a deriva, garimpando sebos, aproveitando promoções e logo cair em desespero por não conseguir ler tudo aquilo que se propõe. Com o tempo, essa busca se torna, não diria mais refinada, mas sim mais pessoal... Tão prazeroso quanto ler, é descobrir um novo livro pela através da pesquisa, entender o contexto no qual ele foi escrito e então adicioná-lo na lista de desejos, de forma que, os livros acumulados na estante serão sempre instigantes, lacunas no conhecimento esperando para serem descobertas — e tais quais todos os segredos do universo, nunca o serão completamente!


O propósito absoluto de um livro é estar disponível! Estranhamente o conteúdo de um livro não é apenas aquele contido em suas páginas, mas aquilo que ele representa simbolicamente. Ele carrega além das próprias palavras impressas, o interesse prévio em adquiri-lo, a pesquisa que o leitor executou para conhecê-lo e a expectativa com o teor nele contido.


Assim como nunca tomaremos todas as vias disponíveis no nosso destino, não abriremos todos os livros da nossa estante, mas é fundamental manter o máximo possível de portas abertas. O interesse pelo conhecimento é crônico, então estar rodeado do máximo possível de fontes que ofereçam essa potencial possibilidade de descoberta é mais do que conveniente. Livros parados na estante não devem ser vistos como um dever a ser cumprido, sua principal função é elevar sua curiosidade e manter seu entusiasmo em descobrir coisas novas!

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