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A Guerra não tem Rosto de Mulher

  • Foto do escritor: Italo Aleixo
    Italo Aleixo
  • 16 de mai. de 2024
  • 2 min de leitura

Cansado de ver o front da Segunda Guerra Mundial pelo ponto de vista dos aliados eu sempre me perguntei como os Soviéticos lutaram essa guerra. Na procura de livros ou filmes sobre o assunto, não esperava me deparar com uma obra tão dolorosa e tão humana!


A jornalista bielorrussa, Svetlana Aleksiévitch — laureada com o Nobel de literatura de 2015 — se propõe a narrar a guerra sob a óptica feminina e mostrar os cheiros, cores, sabores e sensações que as mulheres vivenciaram na guerra. Se trata de um jornalismo literário ímpar, mesclando os relatos orais dos sobreviventes e as perspectivas da própria autora, que vai costurando tudo como uma colcha de retalhos, que culmina numa magnífica obra literária.


Mas o que as mulheres faziam na guerra? Tudo! As mulheres foram não só as sobreviventes das vilas que foram privadas de seus homens, como foram cozinheiras, enfermeiras, técnicas, soldados, pilotos, fuzileiras, sapadoras e Partizans — guerrilha civil que enfrentava os invasores alemães. Seus relatos tocam a alma e são dotados de ternura e horror na mesma medida: crianças sacrificadas, pessoas despedaçadas e outros crimes hediondos dividem as páginas com histórias de amor e preocupações efêmeras que dão sabor a vida: como está meu uniforme? Meu cabelo está bonito para morrer? Onde está aquela lembrancinha que aquele soldado me legou em seu leito de morte?


Tudo o que sabemos da guerra conhecemos por uma voz masculina. Somos todos prisioneiros de sensações e representações masculinas da guerra"

O foco é no mundo feminino, mas o impacto da obra transcende gêneros e toca no fundo do âmago humano. Aquelas pessoas que só queriam viver suas vidas, foram impelidas ao horror, imprensadas pelos invasores alemães e pelo próprio regime soviético e o que resulta disso tudo é só uma tremenda vontade de existir.


O universo feminino se diverge muito do masculino e isso resulta numa guerra completamente diferente e são necessários mais relatos assim para entendermos um pouco mais da plenitude humana, como outros grupos veem e encaram um mesmo evento? As pessoas não só não veem as mesmas coisas como tem experiências completamente diferentes uns dos outros. O que fica da obra é a beleza dos pequenos momentos, o olhar para o céu em meio a um bombardeio e sentir falta do canto dos pássaros!



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