A revolta da vacina

A Revolta da Vacina foi uma grande manifestação de cunho popular, ocorrida no Rio de Janeiro no início do século XX. O conflito teve como estopim as medidas austeras de sanitização e vacinação obrigatória contra a varíola, que lançou a população numa explosão de fúria, na qual foi encaixado uma oportuna tentativa de golpe de estado, que resultou num pequeno simulacro de uma guerra civil.

O livro pequeno e de leitura agradável é uma curta aula de história sobre esse momento histórico e foca em dois pontos: primeiramente na descrição da revolta em si, nos embates da população com a polícia, no vandalismo e na tentativa de golpe de uma ala do exército; e no contexto social, que mostra uma tentativa violenta do governo de impor a vacinação à força na população, que já estava indignada com o abismo social criado pelo governo.

Grande parte do livro se propõe a escancarar o cenário político e a proposta de modernizar a urbanização do Rio de Janeiro, tornando o Rio uma cidade cosmopolita levando em conta os interesses da burguesia em detrimento das classes trabalhadoras e cidadãos indesejáveis. Vemos assim a modernização do porto, nascimento de grandes vias, que acabou empurrando os moradores para os cortiços e favelas, fatores que despertaram o descontentamento do povo.

O que mais impacta no livro é a similaridade com o cenário atual e quão pouco mudou o Brasil nesses 100 anos. O abismo social continua imenso, enquanto as classes políticas continuam lutando pelo poder usando o povo como massa de manobra. A Revolta da Vacina é um retrato ainda atual, de um país onde governo e oposição vivem num cabo de guerra, manipulando o delírio e ignorância do povo numa luta exaustiva que leva em consideração o interesse de apenas alguns.