Introdução à Epistemologia
- Italo Aleixo
- 17 de mar. de 2024
- 2 min de leitura

O que é que podemos chamar de conhecimento? Saber algo, fazer uma afirmação ou ter uma opinião, etc... só é considerado como conhecimento, se tal fato representa o mundo real. Além disso, é preciso verificar a legitimidade desse conhecimento, isso é, quais foram os meios pelos quais ele foi adquirido. Essa questão aparentemente simples, envolve questões filosóficas profundas, entre elas: a realidade de fato é o que é, ou se trata apenas de nossas impressões sensoriais sobre algo incógnito? Existem objetos de conhecimentos inatos ou tudo o que conhecemos é fruto da experiência a posteriori? A epistemologia se fundamentou nessas questões, visando entender se nossas opiniões são ou não verdadeiras e como se dá o acordo entre a realidade e os aparatos subjetivos que utilizamos para interagir com ela.
A principal preocupação da epistemologia é a natureza do conhecimento, como ele é obtido e quais são os limites do conhecimento. Os filósofos desde então empreenderam debates e elaboraram doutrinas que desenvolveram resoluções para essa problemática. Nesse livro, temos uma introdução sobre a disciplina e uma explicação de suas principais doutrinas: encontramos desde explicações básicas sobre os conceitos fundamentais e avançamos para um resumo das principais doutrinas — racionalismo, empirismo, positivismo, naturalismo e ceticismo — sempre elencando seus principais autores e pontuando os pontos essenciais do debate.
Sucinto, mas extraordinário para quem se interessa a ingressar no tema, o livro possui uma linguagem clara, norteia o leitor para interesses específicos e funciona como guia de leitura para quem deseja se aprofundar. Apesar de curto e muito bem discutido, não é um livro simples, entender conceitos basais leva tempo e não foram poucas vezes que me peguei relendo um mesmo capítulo duas ou três vezes. Mas, se assim como eu, você é um leigo que se interessa pelo tema, não acredito que haja outra maneira melhor do que começar a entender a epistemologia do que esse livro — que facilita inclusive a leitura das obras por ele citadas — um apanhado sintético e ao mesmo tempo profundo sobre uma das áreas mais fascinantes e influentes da filosofia.
P. S. Em determinado momento, o autor discute uma das críticas que Quine faz ao viés linguístico do positivismo lógico: segundo ele, a linguagem por si só, provém de uma habilidade subjetiva do sujeito — a entender, certas palavras podem ter significados ambíguos, como banco na língua portuguesa, ou simplesmente não existirem em outras línguas, fator que vai contra a noção da existência de enunciados universais — não ironicamente, esse é uma das maiores dificuldades encontradas para mim durante a leitura do livro e de outros livros de filosofia em geral: muitos conceitos que me invocam um entendimento óbvio, eram na verdade conceitos anteriores da filosofia, ou seja, com significados diferentes. Portanto, cuidado na hora de ler ou discutir conceitos filosóficos!
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