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los ejercitos

  • Foto do escritor: Italo Aleixo
    Italo Aleixo
  • 13 de set. de 2023
  • 2 min de leitura

Narrado por um professor aposentado, Los Ejércitos é ambientado num vilarejo fictício isolado em algum lugar dos Andes Colombianos, que fica a mercê da guerra e é assolado por militares e guerrilheiros. Ismael já em idade avançada, encara não só sua própria senilidade, como a decrepitude que se abate também naquilo que chama de lar.


Evelio Rosero conduz a história com uma prosa bastante fluída, costurando o cotidiano simplório dos personagens com momentos de horror, onde desespero e resignação são as palavras chave. Se o realismo mágico é o "movimento literário" latino americano por excelência, por captar a visão mística de mundo que tem o povo latino, Rosero apresenta um realismo cru que flerta com o absurdo sem ultrapassar as fronteiras do fantástico e apresenta um cenário excêntrico mas dolorosamente real.


Na prosa de Rosero, assistimos o derretimento de uma cidade assolada por inimigos invisíveis, onde os moradores estão a mercê de tiroteios, execuções sumárias, desaparecimentos e dos sequestros (prática comum das guerrilhas colombianas). Junto com a fumaça e a poeira, fica no ar o sentimento do absurdo, uma vez que não se sabe de onde vem os tiros ou quem está lutando contra quem. Com o êxodo das pessoas, instala-se o apocalipse e pouco a pouco o vilarejo se evapora, restando as ruínas tanto materiais quanto humanas de um cenário dantesco.


O grande trunfo do livro é emular a frustação onde é lançado o leitor: em momento algum se sabe o que está acontecendo, são guerrilheiros invadindo a cidade ou militares tomando o poder de assalto? Não sabemos quais são as forças que desencadeiam esses acontecimentos da mesma maneira que não sabemos o destino dos personagens que desaparecem e assim como o narrador Ismael ficamos a deriva numa cidade a beira do colapso.


Dor e injustiça são marcas registradas da literatura latino americana, tanto em clássicos como Pedro Páramo e Cem Anos de Solidão, quanto em obras contemporâneas (como o quadrinho Sendero Luminoso). Los Ejercitos reutiliza esses mesmos elementos e lança o leitor como um personagem pego no fogo cruzado, é uma obra poderosa e mais um capítulo dessa espantosa tragédia humana!

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