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Metazoa: A Vida Animal e o Despertar da Mente

  • Foto do escritor: Italo Aleixo
    Italo Aleixo
  • 5 de fev. de 2024
  • 2 min de leitura

Sempre nos questionamos se estamos sozinhos no universo, mas por trás dessa indagação emerge uma pergunta ainda mais profunda: estaríamos sozinhos mesmo aqui em nosso planeta? Qual grande salto evolucionário ocorreu para que fossemos nós, Homo sapiens, e não outra espécie na Terra a escrever livros e refletir sobre nossa existência?


Definir o que é a “consciência” é um debate filosófico primevo e descobrir se ela ocorre em outros organismos um dos maiores entraves científicos. Partindo do princípio que a característica mais básica dos seres vivos é o comportamento a ação de um sistema em reação à um estímulo do meio externo é natural tentar refazer a escalada do surgimento da consciência a partir da evolução da experiência. O filósofo Peter Godfrey-Smith tenta refazer essa jornada, nesse ensaio que mescla biologia com filosofia, numa tentativa de pelo menos nos levar a refletir: o que será que se passa dentro de outros organismos nesse exato momento?


Como o próprio autor se acusa, o livro é “neurocêntrico”, então os personagens que encontramos aqui são apenas os metazoários — somente um dos reinos que compõe a biosfera. O autor se propõe a especular sobre o surgimento da vida na água, sobre os pequenos passos que os seres foram dando em direção à multicelularidade e à aquisição de novos sentidos para encarar a realidade e responderem a ela. Para um filósofo, Godfrey-Smith é um excelente biólogo, com uma percepção acurada sobre o funcionamento da vida.


Composto por uma excelente pesquisa bibliográfica, o livro é repleto de detalhes interessantes sobre a evolução e sobre o comportamento de variados seres, de maneira semelhante ao que faz Richard Dawkins em seus livros (embora não tão aprofundado). Justamente por ser tão ambicioso, Metazoa navega no raso como um mergulhador explorando uma área desconhecida, mergulhando aqui e ali em temas biológicos e filosóficos, sem arriscar descer demais. Godfrey-Smith vai pouco a pouco “construindo” os organismos, explicando como eles reagem ao mundo e nos levando a refletir sobre que tipo de consciência poderia existir ali dentro, debate o surgimento da “subjetividade” e como ela pode ser tão mais antiga do que nós. Em diversos momentos a narrativa foca em temas específicos, que poderiam ser grandes invenções na origem da consciência: agrupamentos de neurônios, subjetividade na hora de tomar decisões, hemisférios cerebrais que funcionam separadamente, neurônios que ressoam em sintonia, etc... discutindo quão importante é a consciência, se se ela de fato teria uma função adaptativa, como ela deve ser uma característica inerente aos organismos vivos e de como ela pode ser onipresente.


Em suma, é um livro que nos leva muito mais a refletir sobre o que é a consciência antes de sair procurando-a por aí e nos leva a olhar para outros seres e ponderar como eles estão reagindo ao mundo e até que ponto são conscientes de si mesmos. Por isso, sempre que olhar para algum organismo diferente tente imaginar como seria para você encarar o mundo em posse das mesmas ferramentas que ele possui!

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