o cair da noite
- Italo Aleixo
- 3 de jan. de 2024
- 2 min de leitura

Isaac Asimov não é meu escritor de ficção científica favorito, seu estilo narrativo por vezes datado, contrasta por exemplo com o realismo tecnológico de Arthur C. Clarke — que nos brinda com as melhores explorações espaciais que a literatura já experimentou. Asimov porém, através de uma abordagem mais filosófica, criou várias das obras mais famosas do Scifi, que acabaram por moldar e influenciar todo o gênero.
O Cair da Noite é considerado por muitos uma de suas obras mais importantes e impactantes. Se trata de um conto curtinho, que narra a história de um planeta com seus seis sóis, prestes a presenciar um eclipse "pela primeira vez". Se para nós que temos apenas um Sol, um eclipse não é um evento banal — no passado ainda menos — imagine para um planeta com seis deles, onde a noite não existe pois está sempre imerso em luz, se deparando com a escuridão pela primeira vez. A trama discute todo o medo do escuro, do fim do mundo e de uma amedrontadora profecia sobre as supostas estrelas que espreitam na escuridão.
Um exercício recorrente que a ficção científica faz, tendo Asimov e Clark como pioneiros, é imaginar como seriam outros planetas situados em diferentes lugares do universo, usando como princípio nossa filosofia científica, a história e nossa evolução biológica. Em poucas páginas, Asimov discorre sobre as teorias daquela civilização em explicar os Sóis, e tentar entender o que seriam as hipotéticas "estrelas". Debates cientifico-filosóficos, refutações de teorias e a batalha entre a razão e os dogmas religiosos são ingredientes que compõe essa obra prima.
Experimentos realizados para simular céus escuros e as estrelas — que eles nunca viram — e debates sobre o "centrismo" do universo, são alguns dos ingredientes que mostra os passos que uma civilização deveria passar nas primeiras tentativas para compreender a natureza — como o fizemos, criando as mais variadas linhas de pensamento e paradigmas científicos.
Em poucas páginas, Asimov filosofa sobre nossa própria condição de sociedade. Em como nossas crenças são centradas no pouco que conhecemos do universo e como tudo poderia ser completamente diferente se nos localizássemos em um outro ponto qualquer do cosmos!
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