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O que nosso conhecimento revela sobre a vida fora da terra?

  • Foto do escritor: Italo Aleixo
    Italo Aleixo
  • 7 de out. de 2023
  • 14 min de leitura


Nós amamos alienígenas! Desde que soubemos da existências de outros planetas, espalhados pelo firmamento, a questão fundamental se fixou no nosso imaginário coletivo: estamos sozinhos no universo? Durante o século XX a cultura pop foi inundada de informação a respeito dos aliens: as primeiras imagens divulgadas de Marte traziam provas "inequívocas" de estruturas e monumentos construídos por civilizações alienígenas; em 1938 uma dramatização de Guerra dos Mundos transmitida pelo rádio causou pânico em milhares de ouvintes nos EUA; durante a Guerra Fria no auge da Paranoia Norte Americana, houve diversas aparições e até acidentes envolvendo OVNIS, contatos imediatos e abduções eram frequentes de forma que toda uma comunidade ufóloga surgiu; a partir dos anos 80 ficaram cada vez mais "comuns" as aparições de ET's dos mais diversos tipos, e lendas urbanas como os Homens de Preto, o Chupa Cabra e o ET de Varginha disputavam espaço com casas mal assombradas, nos programas de TV. Hoje o que domina a cultura popular é o número cada vez mais crescente do aparecimento de OVNIS, dessa vez com registros oficiais de órgãos governamentais. Desde o surgimento da dúvida primordial e do início de todo esse surto coletivo, a única certeza que temos é a de que estamos sozinhos no universo, certo?

A pareidolia mais famosa da história! Foto de 1976 da superfície de Marte, divulgada pela NASA, que acabou dando origem a uma imensa polêmica e todo tipo de teorias conspiratórias

Numa típica conversa de bar repleta de "pensadores" ou em fóruns de internet onde os intelectuais se reúnem para reclamar da emancipação das mulheres, é possível que o assunto venha à tona, cause um debate ardoroso mas seja resolvido com a conclusão certeira de algum orador espirituoso: "Não acreditar que existe vida fora da Terra é como pegar uma colher de água do oceano e dizer: não existem baleias e tubarões, pois não há nenhum na colher." Ela é sedutora e até soa como um ponderamento intelectual, dessa forma o assunto se resolve e o benefício da dúvida é reestabelecido.


Acontece que como a maioria dos debates pautados pelas redes sociais, onde o pensamento verdadeiro é basicamente inexistente, essa frase nada mais é do que uma falácia (ou sofisma), um argumento sem validade lógica e portanto incorreto. Para se inferir algo sobre um todo, tem-se duas opções: vasculhar completamente aquele todo, ou realizar a amostragem de uma parte, para só então generalizar as conclusões para o todo. Analisar uma subamostra para extrapolar conclusões sobre algo maior, é o campo de estudo da estatística, refinado durante séculos com base lógica e matemática. Para assegurar a qualidade dos dados, é crucial considerar as propriedades intrínsecas dos mesmos, tais como médias, desvios, margem de erro, entre outros, então diversas análises matemáticas devem ser executadas adequadamente, antes de se poder chegar a qualquer conclusão.


A epistemologia tem se dedicado ao estudo da indução e da validade das inferências, ao longo de séculos. Uma das premissas para uma inferência adequada, é a de que o tamanho da amostra depende da magnitude do objeto de estudo e da margem de erro que o pesquisador está disposto à assumir. Deixando de lados a complexidade dos cálculos, o fato é que uma colher de água é uma amostra obsoleta para o oceano, ora vejam só, o mínimo necessário para se fazer um levantamento adequado do número de espécies (riqueza) em uma comunidade, é definir corretamente um método de captura específico para cada grupo biológico estudado, uma colher por exemplo, é bastante ineficaz na captura de baleias. Esse tipo de falácia comete um erro de generalização inadequada, uma vez que para fazer inferências precisa-se de evidências representativas e em uma escala apropriada, talvez uma colher maior, de digamos, alguns bilhões de quilômetros cúbicos sanasse um pouco do problema.


Concatenar afirmações tendenciosas e arrematar as sentenças de forma a se criar frases estéticas sem nenhum sentido mas que pareçam a primeira vista coerentes, é um artifício amplamente usado nas redes sociais e cria bastante engajamento, mas não agrega nenhum conhecimento real de fato. Deixando de lado os sofismas, é evidente que a amostragem que temos do universo não é suficiente. O que se pode concluir então, sobre as criaturas misteriosas que vez ou outra ganham destaque nas páginas de jornais sensacionalistas?


Usando a Filogenética para explorar os limites da existência


Primeiro esquema de uma árvore filogenética, proposto por Charles Darwin

Afirmar que algo não existe é um problema de cunho filosófico que intriga pensadores há séculos, mas, através da evidência científica, por outro lado, podemos afirmar a não existência de algo, caso contrário estaríamos até hoje discutindo a rivalidade entre orcs e elfos! De que maneira nosso conhecimento biológico, nos auxilia na hora de perscrutar os mistérios do mundo? Tomemos como exemplo as famigeradas sereias, ou qualquer outro ser, que seja objeto de interesse da criptozoologia.



Não podemos descartar todo o conhecimento adquirido ao longo da história. Imagine que um explorador faça uma expedição para alguma floresta isolada no coração do Brasil e se depare com uma criatura que nunca tinha sido avistada antes, o que fazer? O primeiro passo é classificar tal criatura: assinalar suas características e então passar por uma chave de identificação adequada, para determinar o que é aquele ser. A medida que se avança na classificação, qual reino, filo, classe, ordem e assim por diante, a criatura pertence, é preciso utilizar chaves cada vez mais específicas e muito provavelmente requisitar o auxilio de um especialista taxonômico.


Com um pouco de sorte, se o resultado não for nenhuma espécie já descrita, o explorador poderá batizar a criatura em questão, respeitando o gênero, com um epíteto específico. Normalmente é o que acontece, se o que ele tiver em mãos for algum artrópode (mais improvável se for algum vertebrado de grande porte) e com muita sorte ele pode ter em mãos um grupo completamente novo, como uma ordem ou filo não descritos, mas o que isso significa em termos práticos?

Árvore da vida proposta por David M. Hillis, Derrick Zwickl, and Robin Gutell, em artigo publicado na Science, 2003

Todo e qualquer ser vivo encontrado na Terra, deve ser identificado e essa informação é publicada em periódicos científicos, de forma que o conhecimento taxonômico seja acumulado. Identificar um ser vivo, é o equivalente a localizá-lo na “árvore da vida”, esse “endereço” define não só sua identidade, como também seu histórico evolutivo. Essa é a grande contribuição da Sistemática Filogenética para a ciência, manter um mapa baseado em relações evolutivas, de todos os seres vivos existentes, uma “árvore” com todas as suas ramificações possíveis. Os dados coletados ao longo de séculos de história, somados aos dados fósseis, nos permite ter um fundamento de onde e quando surgiram os ramos evolutivos e quais são suas relações de parentesco, e tal qual um mapa nos guia sobre onde se encaixam potenciais ramos ainda à serem descobertos. Em suma, nenhuma espécie surgiu do nada e ao ser localizada na árvore da vida, tem-se em mãos todo um histórico de seu passado evolutivo e até biogeográfico, que nos permite enxergar como a evolução ocorreu.


Criatura criptídea descrita por André Thevet, frade e explorador francês do século XVI

Logo, quando nos deparamos com uma criatura hipotética como a sereia, precisamos encaixá-la em algum lugar na filogenética. Os peixes ou mesmo os mamíferos marinhos, estão muito distantes dos primatas para produzir algum híbrido real, portanto a criatura que temos em mãos é tão quimérica, que é até impossível encaixá-la em qualquer desses ramos existentes, seria então um ramo novo? Um grupo antigo que passou todo esse tempo despercebido? É aí que entra em questão o passado evolutivo, cada nova espécie descrita é uma nova informação adquirida, um galho a mais na árvore e precisa ser atrelada a algum ramo, ou seja, é preciso um passado evolutivo que justifique a existência de uma sereia, viva ou fóssil.


É parcimonioso esperar encontrar uma ordem completamente nova de insetos numa floresta isolada, que evoluiu e se diferenciou ali sem ser detectada. Agora um grupo massivo de vertebrados bem desenvolvidos e aparentes o bastante para serem avistados por pescadores bêbados e caçadores de monstros por aí, ter evoluído por milhares de anos sem deixar sinais, é outra história. Sim, os peixes, mamíferos marinhos e todos os vertebrados terrestres, tem um ancestral em comum, mas com graus de parentesco muito bem documentados e um passado evolutivo conhecido, agora supor que algum ramo surgiu dali, habitou os oceanos por milhares de anos em segredo e fez meio caminho adaptativo para se adaptar à vida marinha e meio para se adaptar à vida terrestre, isso tudo sem deixar nenhuma evidência, é querer apostar demais no imaginário. Que existem confusões causadas por criaturas marinhas com feições humanas, nós já sabemos, inclusive os sirenídeos levam seu nome justamente por causa disso, agora debater a morfologia de sereias é como discutir que os dragões de Game Of Thrones não são dragões e sim Wyverns, essas quimeras criptzoológicas desafiam o própria noção de filogenética. Nosso conhecimento adquirido não prevê, mas nos dá uma ideia do que pode ou não existir.


Podemos aplicar essa mesma linha de raciocínio para as famigeradas "civilizações lendárias". Assim como a vida se ramificou a partir de uma origem única, as civilizações humanas foram todas fundadas pela mesma espécie e toda uma rede de inter-relações sociais, linguísticas, políticas, comerciais, existiram entre elas. Apesar de aspectos culturais terem uma independência muito maior do que fatores biológicos e poderem ter surgido isoladamente à depender da situação, o conceito de uma civilização verdadeiramente isolada é falho, afinal praticamente todos os agrupamentos humanos mantinham relações sociais e comerciais com povos vizinhos, até mesmo tribos de caçadores coletores.


Mas basta surgir alguma notícia sensacionalista sobre civilizações perdidas nos recônditos da Terra, seja Ratanabá, Xangrilá, Atlântida ou outra que seja, para os espectadores se lançarem eufóricos num delírio coletivo e mergulharem sem nenhuma parcimônia num mar de teorias conspiratórias. Se tais civilizações de fato existiram, é crucial que elas estejam inseridas no contexto histórico e arqueológico: é razoável presumir um assentamento romano afundado em algum lugar do Mar Mediterrâneo, pois isso se encaixa numa narrativa histórica documentada. No entanto, imaginar uma civilização futurística, seja mergulhada nas profundezas do Atlântico ou enterrada no coração da Amazônia, com tecnologias desconectadas do cenário histórico e completamente isoladas de outras civilizações existentes, é o mesmo que achar que H. P. Lovecraft, Robert E. Howard ou Tolkien, eram historiadores falando de suas viagens pelo mundo (ironicamente, Marco Polo, o mais famoso dos viajantes, o fez).


São os deuses homenzinhos verdes?


Depois desse todo esse rodeio sobre a importância do nosso conhecimento acumulado, podemos voltar a falar do que interessa: aliens! Essa semana a internet veio abaixo com a notícia bombástica sobre a descoberta de um corpo alienígena no México, causando comoção não só nas threads do Twitter, como em alguns veículos de notícias oficiais. Aaaah!!! quem não se lembra dos bons anos 90, onde o ET de Varginha e o Chupa-Cabra ocuparam por semanas os quadros do Fantástico? Não estou interessado em discutir a reputação do ufólogo responsável pela revelação, porém, mais uma vez, me chama a atenção um fato oriundo de uma persistente preguiça intelectual, tão comum nos conspiracionistas: os aliens são sempre humanoides!


"E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme nossa semelhança"

A famosa sentença presente no Gênesis hebraico carrega um peso religioso inegável, e inspirou por séculos uma cultura de pensamento profundamente antropocêntrico, na qual os seres humanos ocupam um lugar central. Essa culpa não cabe somente à religião, a própria filosofia humana lida diretamente com a essência ontológica do homem, afinal somos a única espécie que pensa sobre si mesma e se propõe e escrever sobre isso. O momento em que o primeiro hominídeo começou a olhar para o nada e a refletir sobre o “porquê” de sua existência, é o momento em que passamos a nos considerar a espécie mais importante do planeta. Mas para início de conversa, o nosso bauplan é o mais difundido na Terra? Na realidade a forma hominídea (superfamília Hominoidea) é só um ramo evolutivo curtinho e pouco variado, surgido a mais ou menos 14 milhões de anos atrás e dificilmente teria surgido se um meteoro não tivesse tirado do ambiente os répteis que o dominavam. São os artrópodes as formas de vida mais abundantes e bem adaptadas do planeta, nós não somos uma forma dominante definitiva nem entre os Vertebrata, os vertebrados mais abundantes na verdade são peixes mesopelágicos e olha que só estamos falando sobre os metazoários.


Alien de H. R. Giger e Ridley Scott

A astrobiologia é a ciência que discute como a vida poderia evoluir fora de nosso pálido ponto azul e a única certeza que temos é que ela provavelmente seria diferente, da mesma forma que duas árvores de uma mesma espécie, cultivadas lado a lado sob as mesmas condições, nunca teriam os ramos iguais e na mesma posição. As formas de vida se adaptam para ocupar nichos ecológicos vagos e sua morfologia se modifica para acompanhar essas mudanças.


Mesmo partindo do princípio que a vida se originou em outro lugar completamente independente da nossa “árvore da vida”, nós temos uma ideia de quais traços evolutivos devemos esperar: olhos, bocas, membros locomotores, estruturas enrijecidas por minérios, asas, tudo isso tudo isso foi inventado várias vezes e de maneira isolada durante a evolução da vida na Terra, pois são estratégias essenciais para a exploração do ambiente e interação com outras formas de vida, agora esperar a repetição de grupos inteiros é tão improvável quanto esperar que dois rios correndo pela face de uma montanha, tenham o mesmo formato.

Suposto corpo extraterrestre exibido em um Congresso no México em 2023

Se é que a vida surgiu em outro lugar e seja baseada em carbono e células como conhecemos aqui, podemos esperar bauplans sésseis, como os filtradores dos oceanos ou formas de vida móveis, como os predadores; simetria radial e bilateral; na presença de luz, olhos ou outras estruturas fotorreceptoras com certeza deverão existir; algum tipo de esqueleto que sustente o crescimento dos corpos é

bastante plausível; vertebrados? Humm... o esqueleto interno, seja cartilaginoso ou baseado em cálcio, surgiu uma única vez na história da vida. Tetrapodas – vertebrados com dois pares de membros locomotores - bípedes, que só surgiram aqui na Terra por puro acaso, é sonhar demais ou refletir de menos!


Mais uma vez nosso conhecimento adquirido sobre a evolução da vida não pode ser desprezado, se encontrássemos um ET vagando pelo universo, por parcimônia, ele deveria ser ligeiramente distinto de quase tudo que existe na Terra e não ser facilmente

encaixado no mais conveniente dos ramos evolutivos. Mesmo assim, até hoje os ufólogos se derretem em idealizar inesgotáveis variações de seus homenzinhos verdes, raros no universo, mas muito comuns em cidadezinhas do interior!


O Paradoxo de Fermi


De todo modo, deixando de lado as notícias sensacionalistas, a questão ainda persiste: existe vida fora da Terra? O primeiro passo para a manutenção da vida, é a existência de organismos que explorem os recursos básicos para o estabelecimento de uma teia alimentar coesa: produtores que captem energia e a disponibilizem no ambiente, consumidores que se alimentem de outros seres, organismos que se alimentem de matéria orgânica em decomposição, entre outras interações. Essas formas mais basais deixam sinais muito tênues para serem detectadas, por isso, precisamos nos concentrar na vida tecnologicamente avançada, que é muito mais ruidosa e afinal de contas, adoram nos visitar com frequência, embora sejam péssimas na hora de escolher seu itinerário de férias!


Sem entrar nos meandros do funcionamento das ondas de rádio ou problemáticas físicas sobre comunicação, o fato é que detectar sinais emitidos por uma civilização tecnologicamente avançada não deveria ser tão trabalhoso. Nós só começamos a poluir o Universo com ondas de rádio no final do século XIX, criando um raio de "poluição eletromagnética" de mais de 100 anos luz, portanto somos detectáveis para civilizações com a capacidade de detectar esses sinais e que estejam dentro desse raio. É evidente que essa nossa esfera de poluição é absolutamente insignificante em comparação com o tamanho do universo, mas se existem outras civilizações mais avançadas que nós, elas começaram sua revolução tecnológica bem antes da gente, de forma à terem um raio de poluição muito maior e consequentemente serem mais detectáveis.

Pense em um lago de superfície espelhada, no qual alguém de repente lance uma pedra gerando ondulações expansivas. Agora imagine que esse lago seja o universo, que a pedra seja uma civilização e as ondulações em sua superfície sejam as ondas de rádio, com um detalhe, as ondas eletromagnéticas não perdem energia no vácuo e, portanto, se propagam indefinidamente. Uma civilização mais avançada seria uma pedra lançada anteriormente, cujas ondas se espalham por um espaço maior. Na hipótese da existência de várias civilizações, várias deveriam ser as pedras lançadas nesse lago, com as ondas se espalhando por todo lugar, a questão é que quando olhamos para o universo, nos deparamos com um lago assustadoramente parado!

Este é um resumo visual de modelos matemáticos que tratam a ocupação da vida no universo. Quando se assume que a vida poderia surgir em planetas e estrelas com condições específicas e são analisados o número de astros na nossa galáxia, mesmo modelos bastante conservadores, que levam em conta apenas parâmetros com condições semelhantes aos da Terra ou do Sol, predizem uma quantidade imensurável de civilizações que deveriam existir só na Via Láctea. A grande questão é, o Universo deveria estar pululando de vida, só a nossa galáxia já deveria estar abarrotada de civilizações, mas não importa para onde olhamos apenas nos deparamos com um completo e absoluto silêncio! Esse é o famigerado Paradoxo de Fermi: a contradição entre a alta probabilidade de existir vida extraterrestre e a total falta de evidências de sua existência. O paradoxo foi discutido num trabalho clássico, de Michael H. Hart, publicado em 1975, onde ele oferece algumas soluções para o Paradoxo e “explicações” do porque não encontramos outras civilizações espalhadas pelo universo.

Na biosfera temos filtros ecológicos que limitam a ocorrência das espécies, dessa forma as populações não ocupam todo o planeta, pois existem filtros ecológicos que limitam sua distribuição, seja a predação, competição, limitantes fisiológicos, entre outros, é praticamente impossível determinam qual ou quais filtros estejam operando. Uma das principais soluções para o Paradoxo de Fermi, propõe a existência de filtros assim para o desenvolvimento da vida extraterrestre.


2001: Uma Odisseia no Espaço

Pode existir algum filtro que atue nos primeiros estágios do desenvolvimento biológico ou tecnológico, impedindo que as formas de vida atinjam estados avançados ou até impedindo a própria vida de surgir. Se isso estiver correto, talvez sejamos apenas a primeira de muitas civilizações a surgir e já teríamos passado por esse tipo de filtro, estaríamos então nos primeiros passos para a colonização da galáxia. Outros tipos de filtro, atuariam num momento tardio do desenvolvimento de uma civilização, impedindo-a de atingir um status avançado. Esses filtros vão desde a incapacidade de explorar o ambiente de maneira eficaz e sustentável até a própria autodestruição. Esses filtros estão à nossa frente - e talvez assustadoramente perto - e já podem ter nomes que conhecemos muito bem: mudanças climáticas, hecatombe nuclear, etc... podem ter sido eles os responsáveis, pela destruição e desaparecimento de outras civilizações que surgiram antes de nós; um tipo de filtro muito mais assustador, envolveria a interação direta com outra civilização, que vai desde uma incapacidade total de se comunicar com uma civilização muito avançada, até a destruição por uma civilização dessas, segundo essa hipótese poderiam estar por aí civilizações tão desenvolvidas, que ficariam patrulhando o universo, eliminando (ou predando?) potenciais ameaças que surgissem – nesse ponto deixo a cargo de vocês pesquisarem sobre a Hipótese da Floresta Negra...


Mesmo que o Paradoxo de Fermi não seja logicamente um paradoxo verdadeiro, ele é uma proposta de discussão sobre porque não encontramos sinais alienígenas em profusão. A única certeza que temos até o momento é que o universo é silencioso e não há nenhum indício de que possam existir outras civilizações avançadas. É de se esperar que as formas de vida que não se desenvolveram tecnologicamente, sejam menos detectáveis, dependendo de abordagens ativas para serem descobertas, voltamos assim ao sofisma mencionado lá no início e que me inspirou escrever esse texto. Hipóteses sem nenhuma observação ou premissas, não tem poder de inferência, portanto, não é ciência. Da mesma forma que não temos uma amostragem decente do oceano numa colher, não a temos de todo universo, mas a realizamos de maneira metódica, munidos do melhor que a tecnologia, e séculos de conhecimento biológico, químico e físico podem oferecer. Não é uma jornada a partir do zero, é uma busca bem embasada em todo conhecimento que temos.


Até o momento só podemos concluir - com um pouco de pesar - que não existe nada lá fora e não há nenhuma prova que refute essa constatação, o nos que resta é o pilar definitivo do pensamento humano: as perguntas!!! Poucos astro biólogos esperam encontrar uma civilização alienígena lá fora - muito menos uma formada por tetrapodas hominídeos subnutridos - mas mantemos viva a esperança: existe vida bacteriana? multicelular? e que tal formas de vida que não sejam baseadas em células ou mesmo em carbono? existe vida fora da Terra?

É possível que só estejamos aqui por mero acaso estatístico, um verdadeiro milagre, as vezes o fenômeno que deu origem a vida seja algo banal, como uma simples reação química entre elementos específicos, mas que as condições necessárias para que ele ocorra sejam extremamente raras – a respeito de eventos com baixíssima probabilidade, pesquise quanto tempo levaria para embaralhar um baralho de 54 cartas, esperando que as cartas fiquem em sequência! Se for esse o caso, estamos de fato sozinhos, ou com sorte, pouquíssimos planetas no universo foram agraciados com vida, mas a vastidão e a própria expansão do universo, faz com que encontrar nossos vizinhos seja uma tarefa fisicamente impossível.


O que nos resta é continuar procurando, a vastidão do espaço irá nos manter perpetuamente nessa busca, mas a coleta de dados não pode parar. A crença que se tem na existência de vida fora da Terra hoje, não é de competência científica, é apenas isso: uma crença. Nossa espécie é fascinada pelo desconhecido e sempre encarou as descobertas com entusiasmo e temor. Nossos antepassados, vislumbraram o horizonte e foi assim que colonizamos todo o planeta, seja desbravando a terra ou singrando os mares e uma vez que nos demos conta que estamos confinados nessa esfera de pedra, voltamos nosso olhar para cima do horizonte, buscando algo em meio as estrelas. Lá no fundo, todos temos a esperança de ver, no pouco tempo que nos compete, Algo perdido no cosmos, por isso "Atlântidas", sereias e visitantes de outro mundo, ocupam tanto o imaginário popular, porém o ceticismo é o pináculo fundamental da ciência e a cada nova descoberta temos mais certeza da nossa solidão no universo!





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