Petrolina
- Italo Aleixo
- 22 de dez. de 2024
- 2 min de leitura

Um romance tipicamente brasileiro. Projeta nosso cenário, nossos anseios e evoca a monotonia do amadurecimento. Ler Petrolina me trouxe a mesma sensação de encostar a cabeça no vidro do carro enquanto reflito sobre a paisagem que passa em alta velocidade.
A trama parte de uma premissa simples e não propõe grandes acontecimentos: é a história de um músico em crise, que na companhia dos filhos, vai de São Paulo-SP até Petrolina-PE, levar um renomado violonista, para um "acerto de contas" com um lendário tocador de acordeão.
O roteiro aparentemente confuso e dotado de relações estranhas entre os personagens, encerra as desconfianças e expectativas logo nas primeiras páginas: é uma história sóbria a respeito da perspectiva de um pai não tão próximo da família. Sem muitos pormenores, sem aventuras e sem se propor a ser um road thriller típico, a viagem é apenas um pretexto para Zeca passar um tempo com a família, enquanto divaga sobre a vida pessoal e carreira.
Narrado por um músico, sobre um músico que necessita encontrar um músico, não é estranho que a música seja um tema importante no livro, ela está em todos os lugares. É a força motriz que guiou o destino daqueles personagens e que serve de arcabouço para as reflexões de Zeca a respeito da carreira musical, suas vertentes e da própria existência. Como as canções, momentos cotidianos tocam cada um de uma maneira diferente.
Não poucas vezes me pego pensando na ideia que livros podem ser impressos num gráfico de ondas, cujas cristas e vales refletem as nuances narrativas da obra. Nesse aspecto Petrolina não teria um formato energético, seria mais uma espécie de platô constante do início ao fim, porém repleto de divagações e considerações sobre a subjetividade que as relações humanas tem para cada um. O grande pico vem no final, onde percebemos que essa necessidade de ter as pessoas em nossas vidas é sempre recíproca, de um modo ou outro somos nós mesmos parte da história de alguém!
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