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Doze Contos Peregrinos

  • Foto do escritor: Italo Aleixo
    Italo Aleixo
  • 27 de abr. de 2024
  • 2 min de leitura

Poucos povos na Terra podem se gabar de terem uma identidade literária própria, como os latinos americanos com o realismo fantástico de Gabriel Garcia Márquez. Poucos livros retratam tão bem o sofrimento e conquistas de um povo como o antológico Cem Anos de Solidão, sintetizando tudo isso num jeito único de escrever fantasia, que coloca nossas superstições como a principal lei que explica o mundo.


E como esse "povo mágico" enxerga o mundo quando se encontra fora de sua pátria? Doze Contos Peregrinos, é uma coletânea de contos que narra a história de cidadãos latinos vivendo na Europa — experiência vivida por Gabo — longe de seus costumes e de seus iguais, num mundo completamente diferente de tudo que conhecem. Se em Omeros, Walcott narra a busca de um povo por uma identidade nacional, aqui temos algo parecido, a busca de alguém que tem uma forte identidade cultural mas está deslocado de seu mundo, tentando se reencontrar.


O realismo fantástico está presente de forma mais sutil em Doze Contos Peregrinos — afinal a Europa é bem mais "sóbria" do que as mágicas Américas mágicas — que se edifica tanto num cenário mais realista de personagens vivendo um dia a dia solitário, quando num fantástico que insiste em ser ignorado — vide o conto A Santa — pelos europeus.


Não basta para um livro de contos, ser uma coletânea de histórias curtas, ele deve ter uma coerência, conexões invisíveis e um alicerce temático sólido. O mundo mágico, repleto de personagens vivazes, cheiros e cores, são qualidades que colocam Doze Contos Peregrinos, ao lado das obras clássicas de Borges (O Aleph e Ficções) como um dos melhores livros de contos publicados na América Latina.


Como todos os livros do autor, é um livro tão bonito quanto triste, capaz de fazer doer e amolecer o coração, onde os orgulhosos latinos se perdem na Europa cinzenta, sisuda e confusa. Só lhes resta como alternativa, fugir dali ou aceitar por companhia a solidão e a velhice...

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